Como eu tinha escrito semestre passado sobre a geriatria, eu
não poderia deixar de escrever sobre a disciplina que mais mexeu comigo nessa
faculdade, a Clínica Infanto-Juvenil. Desde os meus 6 anos quando eu comecei a
dizer que eu queria ser dentista, eu já dizia que queria ser dentista de
criança. Porém, durante toda faculdade me diziam que “atender criança é diferente
de gostar de criança” e eu ficava com um certo receio de não gostar. Só que eu não
só gostei como me apaixonei!
Nas aulas de manejo eu ficava apavorada com as contenções físicas. Pensava que era um horror segurar a criança para ser atendida, mas durante a clínica percebi que as crianças criam uma força fora do normal porque elas não querem estar ali, mas ao mesmo tempo elas entendem que tu está fazendo algo pro bem delas e dão um beijo mesmo depois de serem seguradas por tanta gente.
contenção física mais difícil da clínica esse semestre.
Cada conto de fada que tu inventa pra criança em cada atendimento (o anel de dente, fazer o dente dormir, o vestido do dente, dar tchau pro bicho da cárie) era demais de ver a criança realmente achando que aquilo acontecia.
Dando tchau pro bicho da cárie
Também fiquei surpresa com os quadros clínicos de algumas crianças que apareciam por lá. Mutilação por cárie não era algo incomum. Tratamentos de canal em crianças bem pequenas, extrações e muito mais. Sem falar da quantidade de criança abandonada por mães viciadas em crack. Todas as histórias das crianças que atendemos fazem a gente pensar muito em tudo, mas, principalmente, o carinho que elas nos dão, mexe com a gente.
Confesso que várias vezes fui cansada para a clínica, contando os dias pras férias, mas agora que acabou a pediatria bateu uma tristeza. Vou sentir falta dos pacientes fofos que abraçavam, disseram que vão ficar com saudades, deram presentes. Vou sentir faltas da convivência com professores incríveis e com as gurias doutorandas, mestrandas e da especialização que tanto nos ajudaram!
Só o que eu posso dizer é que não acaba por aqui. Muitas outras postagens pediátricas virão e minha vida pediátrica continuará por muito tempo!
